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O ensino de enfermagem em Portugal tem vindo a transformar-se até o que conhecemos hoje. Se, anteriormente, a boa vontade era o requisito central para os que serviam os doentes, hoje, há mais exigências técnicas, científicas e humanas que sublinham as competências de um enfermeiro e, por isso, de um docente de enfermagem. Sabemos, da história, que alguns hospitais ofereceriam formação a par da realidade que era vivida com o ensino da medicina. Hoje a configuração do ensino de enfermagem é diferente.

O primeiro curso de enfermagem oferecido em Portugal data de 1881. Durante o Estado Novo, em 1942, verificou-se a reforma do ensino e da prática de enfermagem, com a proibição de casamento às mulheres enfermeiras, que vigorou até 1963. Em 1952, passaram a existir três cursos. O ensino passou a ser ministrado em Escolas de Enfermagem, oficiais ou particulares, com autonomia técnica e administrativa. Após revolução de abril de 1974, já em 1976, foi publicado o novo regulamento dos órgãos de gestão das escolas de enfermagem. Em 1979, era requerida habilitação mínima para a admissão ao curso de enfermagem geral. Em 1988, o ensino de enfermagem integrou o Ensino Superior Politécnico, sob a dupla tutela do Ministério da Educação e do Ministério da Saúde. Em 1999, o Ministério da Ciência e Ensino Superior aprovou a criação do Curso de Licenciatura em Enfermagem e dos Cursos de Pós-Licenciatura de Especialização em Enfermagem.

Em 2001, formou-se o primeiro doutor em enfermagem em Portugal. Atualmente existem 2 cursos de doutoramento em enfermagem e 1 curso de doutoramento em ciências de enfermagem em Portugal. Neste parágrafo descritivo do tempo eleva-se a mocidade da enfermagem disciplinar e a experiência da enfermagem profissional. A enfermagem de hoje, por muitos entendida como arte e ciência, por outros mantendo-se no domínio da vocação, congrega dimensões técnicas, éticas, estéticas e científicas, sem as quais a resposta aos cidadãos poderá ficar comprometida.

A discussão da enfermagem que estamos a construir, dos enfermeiros que estamos a preparar, da história que estamos a escrever merece um palco comum onde os docentes de enfermagem discutam o presente, com o saber do passado e a sabedoria de antecipar o futuro. O ensino de enfermagem, hoje, requer deixar-se permeável às novas tecnologias, às novas oportunidades, às áreas disciplinares que acrescentam competências ao fazer bem o que um docente de enfermagem deve fazer.  Para isso concorre este projeto de realizar, a cada dois anos, os ENSIDE: Encontro Nacional e Simpósio Internacional de Docentes de Enfermagem, que se definem como espaços para discutir o estado da arte, pensar o caminho e desocultar novas formas de fazer acontecer e estar no ensino de enfermagem em Portugal. 

Este projeto, proposto pela Universidade Católica Portuguesa, enquadra-se na terceira encíclica do papa Francisco Fratelli Tutti que, em oito capítulos, inspira-nos para um resgate da consciência da história, para o diálogo entre pares, com vista a uma resposta concertada e fraterna para os problemas do mundo.